Contas digitais rendem acima da poupança com liquidez

Fintechs e bancos digitais estão crescendo e se multiplicando. Essas instituições, que facilitam o acesso a serviços bancários e dão vantagens como isenção de anuidade e rendimento em conta corrente, se tornaram uma alternativa melhor que a poupança.

O professor de economia do Ibmec RJ, Filipe Pires, explica que as contas digitais não deveriam ser usadas para investimentos porque o rendimento oferecido é abaixo da inflação. Porém, ao garantirem rentabilidade maior que a poupança, são opção mais vantajosa para quem deixa todo o dinheiro na caderneta.

Em geral, as contas digitais são remuneradas em 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), em torno de 1,9% ao ano. Esse valor é maior que o pago pela poupança no momento, de 70% da taxa Selic (hoje em 2% ao ano). 

Com a inflação em 4,56%, a remuneração real acaba sendo negativa. Apesar disso, um diferencial é que muitas delas dão rendimento diário, enquanto a poupança só remunera no aniversário (a cada 30 dias). Ou seja, ao depositar um valor no banco digital no primeiro dia do mês e retirar 15 dias depois, ele terá rendido alguns centavos, enquanto na poupança não.

Além disso, grande parte dessas contas possui a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que é a mesma da poupança. Outras deixam os recursos aplicados no Tesouro Direto, que tem a garantia do próprio tesouro nacional. Mas, antes de aplicar, é válido pesquisar.

Portabilidade de salário

As contas digitais podem ainda ser uma opção interessante para o dinheiro do dia a dia e, até mesmo, para guardar parte da reserva de emergência já que o saldo fica disponível para saques imediatos e para pagamentos.

“Ter o dinheiro parado é perder patrimônio para a inflação. Então, se a conta digital dá uma rentabilidade melhor que a poupança e possibilidade de resgate imediato, é uma proteção “, afirma Paula Sauer, planejadora financeira.

O economista Filipe Pires acredita que fazer a portabilidade do salário para bancos digitais é interessante para, além de ganhar rentabilidade, fugir de tarifas cobradas por grandes bancos e garantir outros benefícios.

O Digio, por exemplo, realiza esporadicamente algumas ações promocionais, elevando o rendimento de 100% para 130% do CDI em valores depositados num determinado período. 

Já o Alt.Bank premia com uma espécie de comissão os clientes que convidarem amigos a abrirem uma conta. O anfitrião ganha cerca de 0,3% do valor de cada compra que o convidado fizer com o cartão da instituição. A promoção não tem limite de tempo e continua válida desde que o cliente convide um novo amigo por ano.

“Com a pandemia, muita gente passou a utilizar uma conta digital e entendeu sua praticidade e suas vantagens. Além de rendimento na conta, nós damos cashback e um programa de remuneração por convite. Cada fintech tem uma estratégia para atrair o cliente, e o consumidor precisa analisar as propostas para descobrir qual é a que melhor lhe atende”, diz Fábio Silva, Diretor Geral do Alt.Bank.

Separe conta corrente do investimento

Apesar de as contas digitais terem um rendimento maior que a poupança, a sua finalidade não deve ser para investimento. Primeiro porque existem outras opções mais rentáveis para investir com segurança. E, em segundo, porque pode-se acabar gastando o dinheiro disponível na conta ao invés de poupá-lo.

“As contas digitais têm, em geral, a mesma rentabilidade do que o Tesouro Selic (LFT). Mas, para os gastões, o Tesouro com liquidez diária é uma melhor opção para colocar a reserva de emergência porque a necessidade de vender o título gera entrave para o consumo por impulso. 

As contas digitais têm os cartões de crédito e débito diretamente atrelados, o que torna mais fácil gastos não planejados, que acontecem principalmente quando estamos vulneráveis emocionalmente”, afirma Felipe Pires.

Para a reserva de emergência também pode-se investir em fundo DI, ou em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) com liquidez diária. Mas, essas aplicações não estão tendo rendimento acima da inflação. Para ter ganhos reais, é preciso investir para o médio e longo prazo, deixando o dinheiro preso por uns meses ou anos, em CDBs e LCI/LCA, por exemplo.

Fonte: Extra Globo

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